sábado, 26 de setembro de 1992

CASTELO DO AÇU (set/1992)


Inicio da primavera de 1992, Eu e o Herbert partimos do Rio para Petrópolis, mais precisamente para o Vale do Bonfim para realizar uma linda aventura até os Castelos do Açú no Parque Nacional da Serra dos Órgãos(PARNASO). No Parque a vegetação predominante é a de Mata Atlântica, onde encontram espécies raras de árvores e por onde circulam diversos representantes da fauna brasileira, como quatis, pacas, macacos e aves. Rios e cachoeiras descem a montanha coberta pela mata tropical com ótimas oportunidades para um banho refrescante e observação privilegiada de uma flora rica em bromélias e orquídeas. Pela noite, a observação das estrelas e nebulosas torna-se a atividade mais encantadora. O cume situado a 2245m de altitude e com um percurso de pouco mais de 7Km, dura aproximadamente 6 horas para um montanhista médio atingi-lo, sendo esta caminhada considerada pesada devido a grande variação altitudinal. Estacionamos o carro próximo a Pousada Cabanas do Açu e caminhamos um pequeno trecho até a portaria do Parque Nacional da Serra dos Órgãos situado a uma altitude de 1100m, onde realizamos a parte burocrática para entrada, como pagamento e assinatura do termo de responsabilidade. Começamos efetivamente a caminhada as 9:00h e após cerca de 1:00h chegamos ao local onde existe uma entrada a esquerda para a Gruta do Presidente e a Cachoeira Véu da Noiva. Seguimos em frente e subimos uma trilha em zig-zag bastante íngrime e descampada, com muito capim gordura até chegarmos a grande Pedra do Queijo, um bom local para descansar, lanchar e de quebra curtir uma bela vista panorâmica de todo Vale do Bonfim com destaque para a Pedra do Cone e os picos do Alcobaça, do Alicate e outras montanhas de Petrópolis. Depois do Queijo a subida continua e depois desce um pouco até o Morro das Samambaias, que é marcado pela única árvore existente neste trecho. Continuamos na trilha e após mais de 50 min de subida chegamos à nascente do Ájax, um ponto obrigatório para a coleta de água, pois é o último local com fonte de água antes do Açu. Atualmente o acampamento neste local é proibido, mas na época de nossa passagem por alí era permitido. Após a passagem pelo Ajax iniciamos o trecho de subida mais íngreme de toda caminhada, conhecido como Isabeloca, em homenagem a princesa Isabel que supostamente teria passado pelo local em lombo de mulas ou costumava caçar Capivaras nessa região, e quando os escravos a viam, comentavam entre eles: “Lá vem a “Isabeloca”. Ao fim da Isabeloca chegamos a um imenso Chapadão, de onde se avista a Pedra do Açu e o pico do Cruzeiro, seguimos para a esquerda num trecho mais plano, formado por campos de altitude e lages de pedra que se fazem presentes até a chegada aos Castelos do Açú. Este trecho é caracterizado pela presença de marcos feitos com pilhas de pedras e setas desenhadas no chão. A região é costumeiramente dominada por densos nevoeiros que escondem os marcos com facilidade e para quem não conhece a região e se orienta apenas por relatos é a primeira área onde é possível se perder, por isso todo cuidado é pouco. Caminhamos um pouco mais até chegarmos ao nosso objetivo, os Castelos do Açu que são formações rochosas no cume da montanha, revelando um ambiente místico e ao mesmo tempo um visual indescritível da Baía da Guanabara, do Dedo de Deus, Pedra do Sino, Garrafão, Escalavrado, entre outros. Com tempo bom é possível avistar o Pão de Açucar, o Corcovado e a Pedra da Gávea na Cidade do Rio de Janeiro.Nessa interessante formação rochosa, cheia de reentrâncias é possível se abrigar do frio, da chuva e do vento. Muitos acampam neste lugar, pois é o ponto recomendado para pernoite, principalmente para quem faz a Travessia Petrópolis x Teresópolis. No local existem dois abrigos rudimentares construídos com pedras empilhadas por antigos montanhistas. Recentemente foi construído um abrigo idêntico ao existente próximo à Pedra do Sino. Um pouco mais a frente dos Castelos encontramos o Pico da Cruz que é o segundo ponto culminante do parque, a cruz que foi colocada na montanha é uma homenagem a um grupo de montanhistas mortos em uma tempestade elétrica no ano de 1992, e é deste ponto de onde normalmente se admira o pôr do sol. Exploramos bastante a área ao redor dos Castelos e por volta das 14:00h iniciamos o retorno, chegando ao estacionamento cerca de 4h depois, já quase escuro, e muito feliz por ter conseguido mais uma conquista de uma das mais belas montanhas da região. Gente vale muito, mais muito mesmo conhecer o monumental e lindo Castelos do Açu.














DICAS
1- Não esqueça de levar um bom filtro solar, mesmo quando o tempo estiver encoberto.
2- Como Chegar
De Ônibus: Chegando em Petrópolis, pegar um ônibus até o terminal de Corrêas, e lá pegar o ônibus para Bonfim. Descer no ponto final e seguir siga as placas das Pousadas Cabanas do Açu e Paraíso do Açu, já que a entrada do Parque é vizinha a essas pousadas.
De Carro: A partir do Rio de Janeiro siga na direção de Petrópolis pela BR-040, quase chegando a Petrópolis não entre na cidade, continue na estrada na direção de Itaipava, do fim do túnel você deve seguir uma média de 15 à 20 minutos até virar a direita no sentido do bairro de Bonsucesso, você entrará na estrada União Industria, depois de passar dos bairros de Bonsucesso e Nogueira você chegará á Corrêas, entre a esquerda e contorne a praça de Corrêas, entre na Rua Agostinho Goulão e mais a frente vire a direita na Estrada do Bonfim, é uma subida de mais de 30 minutos, siga as placas das Pousadas Cabanas do Açu e Paraíso do Açu, já que a entrada do Parque é vizinha a essas pousadas.